Em post anterior dessa série do mês de abril, compartilhei com vocês os resultados de um processo longo e já amadurecido de parceria entre escola e família… de uma das famílias que atendo com muito carinho! Na continuidade disso, falarei nesta publicação sobre a importância da participação de todos da equipe da escola nesse processo.
Atendo essa família desde 2013 (quando digo essa família, não é em um sentido geral, mas literal, pois a terapia ABA transforma não somente a vida do indivíduo com TEA, mas a vida de toda a sua família também. Eu costumo dizer às famílias que atendo que acabo por “invadir” a vida e a rotina delas, como um todo, já que todos precisam ser incluídos nesse tipo de intervenção). Daquele ano até agora, vejo claramente um caminho de muito crescimento da parceria com a escola que acolheu o nosso pequeno. Desde o início a escola disponibilizou uma monitora para acompanhamento individualizado e já nas primeiras consultorias de supervisão, todas elas (se não me engano, já foram três profissionais, contando com a monitora atual) sempre participaram de todas as reuniões, representando e levando informações importantes do ambiente escolar. Além disso, as professoras dos primeiros anos e, atualmente, o grupo de professores do nosso lindão, acompanham muito de perto todas as orientações passadas e aplicam tudo que é combinado para benefício dele.
Um dos aspectos fundamentais que o analista do comportamento precisa cuidar é do primeiro contato com a equipe escolar. A postura profissional e de clara parceria (e não de imposição de novos processos, ainda desconhecidos para a escola) é fundamental para o sucesso nesse momento. Ainda assim, claro, podem acontecer situações mais difíceis, mas elas tendem a se resolver com o passar do tempo, mas principalmente como utilizamos esse tempo para ajudar a escola na compreensão da importância do trabalho em equipe.
O analista do comportamento precisa avaliar funcionalmente o ambiente escolar e, a partir dessa avaliação, delimitar quais dos procedimentos necessários para o melhor desenvolvimento da criança podem ser implementados mais imediatamente na escola. A escola é um dos principais ambientes de generalização dos comportamentos que são aprendidos no contexto da terapia ABA individualizada.
A implementação dos procedimentos da ABA na escola depende dessa avaliação e também depende de uma habilidade de escuta do analista do comportamento às demandas, necessidades e expectativas da escola. No caso do exemplo que estou citando, os procedimentos da ABA foram implementados gradativamente, a partir da avaliação da equipe da escola sobre a necessidade de cada um deles.
Claro que nem todas as parcerias são tão tranquilas logo de início como essa. E o que os pais das crianças com TEA precisam ter forças para entender é que esse vínculo é construído gradativamente, principalmente a partir de muita confiança já nas pequenas situações e coisas. Precisamos muito respeitar o ritmo da escola e caminhar junto com a equipe para promover as mudanças necessárias. E, em raras vezes, buscar outras alternativas, de repente até outra escola. O importante é a criança estar feliz e bem amparada profissionalmente falando no ambiente escolar.
Sei que ainda não entrei nos detalhes dos procedimentos que foram aplicados na escola dessa família querida que me autorizou falar do seu processo como exemplo destes posts tão especiais. Mas não poderia começar a descrever os procedimentos, sem antes destacar que quando a parceria é real, o desenvolvimento da criança com TEA é claro também para a escola.
O resultado: dentre tantos, somos capazes hoje de nos disponibilizar inclusive em um sábado de manhã a participar de uma reunião com a equipe completa que atende o nosso pequeno de Itajubá. Completa mesmo, com todos os professores da turma da escola, profissionais que o atendem e família. Se isso não é processo de inclusão escolar, eu não sei dizer o que é.
Prometo que os próximos posts serão de procedimentos implementados. Ate lá!
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