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Quem tem medo da mesinha: “mitos” em torno da estrutura da terapia fundamentada na ABA

Mary • 26 de outubro de 2017

No contexto do trabalho da nossa equipe, temos nos deparado, recorrentemente, com dúvidas, questionamentos e descrições, tanto de pais quanto de profissionais de outros campos (especialmente, Medicina), que despertaram a necessidade desta publicação. Frases como “ah, mas a terapia para o meu filho não será aquela de mesinha, robotizadora, que eu vi no Youtube, não é?”, “vocês fazem uma terapia fora da mesinha, mais lúdica e mais solta?”, “eu ouvi dizer que vocês não fazem uma terapia tão rígida” são somente alguns exemplos. Por isso, talvez seja importante esclarecer alguns pontos fundamentais do tipo de trabalho realizado na perspectiva da Análise Aplicada do Comportamento (e no contexto específico do trabalho com TEA):


  1. Nem toda terapia realizada na mesinha é estruturada: esse “mito” de que porque a terapia é feita na mesinha, com uma estrutura mais evidenciada (no sentido de que saltam aos nossos olhos todos os procedimentos implicados nela) é robotizadora, adestradora e inflexível precisa ser superado. O planejamento do ambiente de ensino é uma das características mais fundamentais no contexto da intervenção profissional. Algumas pessoas (crianças, jovens ou adultos) com TEA necessitarão, em algum momento, de um ambiente de ensino com controle maior e mais acurado de variáveis que possam perturbar o processo de aprendizagem. A mesinha, o controle maior de estímulos (demandas) apresentados para o indivíduo, a programação clara de consequências para o cumprimento das demandas é um formato excelente para ensino de diversos repertórios, entre eles alguns comportamentos pré-requisitos. Por outro lado, não é só porque a terapia é feita na mesinha que ela está estruturada. Eventualmente, a estimulação pode ser realizada sem qualquer tipo de planejamento claro das metas de intervenção, sem objetivos em curto, médio e longo prazo e ter uma aparência de estruturação somente pela organização do espaço físico. Por isso, mais do que questionar se a terapia será ou não na mesinha, é importante ter clareza dos objetivos da terapia para o seu filho e como o profissional responsável implementará esses objetivos. Utilizar (ou não) a mesinha exige essa clareza e domínio do profissional quanto aos princípios que norteiam a intervenção. Cabe ao profissional também explicar as razões da estrutura de terapia que está implementando.
  2. Nem toda terapia estruturada é realizada na mesinha: outro “mito” importante a ser descaracterizado. Não é porque a terapia é feita fora da mesinha que ela não tem estrutura alguma. Existem diferentes manejos de condições e ambientes de ensino: video modelação, treino instrucional, treino mediado por pares, ensino em contexto de treino de respostas pivotais, ensino incidental, etc., que extrapolam a estrutura mais evidenciada da estimulação geralmente realizada na mesinha. Ainda assim, cada um desses procedimentos tem uma estrutura – comportamentos-alvos claros (descritos operacionalmente), manejo de consequências (geralmente naturais e intrínsecas à atividade), manejo claro de estímulos antecedentes (discriminativos, condições estabelecedoras), registros de dimensões específicas das respostas emitidas pelo indivíduo. Desconfie se a terapia do seu filho, fora da mesinha, não tem essas características e o que chega de informação em relação ao desenvolvimento das metas de intervenção é sempre vago e confuso. A terapia pode ocorrer fora da mesinha, mas com a explicitação clara de que os ganhos e mudanças ocorridas são resultado direto dessa intervenção.
  3. Não é porque a terapia é “lúdica” que ela não é estruturada: mais uma confusão que temos visto acontecer com frequência. Já cheguei a ouvir algo como “o grupo de vocês faz uma terapia mais lúdica, menos estruturada que os outros, não é?”. Totalmente o contrário! É justamente porque, em diversos momentos, a terapia precisa ter um caráter mais lúdico que precisamos garantir mais estruturação – na lógica de aplicação, na confecção dos programas de ensino, na elaboração de registros que evidenciem o que precisamos acompanhar, etc. É uma tarefa árdua (pergunte a um de nossos membros da equipe o quanto eles, literalmente, “suam” a camisa para garantirem, nas brincadeiras, tudo aquilo que estamos exigindo que eles cumpram com a criança). Também exige de nós, supervisores, um conhecimento técnico apurado (em constante renovação) e um olhar sempre crítico aos materiais que produzimos. Por isso, os currículos e programas de ensino são periodicamente aperfeiçoados. O formato pode mudar, mas a estrutura e lógica da terapia precisa se manter coerente com os princípios da Análise Aplicada do Comportamento.
  4. Não é porque a terapia é estruturada que ela é rígida: estrutura é uma coisa. Rigidez é outra. Ambas podem caminhar lado a lado, mas independem uma da outra. A estrutura da terapia é a organização fundamental, o controle de variáveis (em diferentes níveis e ambientes de intervenção), o acompanhamento sistemático do desenvolvimento do indivíduo, pautados na produção de conhecimento mais atualizada na área da Análise do Comportamento. Rigidez é outra coisa que não tem nada a ver com esses princípios. Se o profissional lida com o conhecimento como se fosse um grande catálogo de receitas de intervenção, ele estará fadado a ser rígido em algum momento da sua vida. Desconfie de frases como “é sim e pronto”, “não vamos mudar”, etc. O profissional não tem que acatar, em uma posição passiva, tudo que chega da família, da escola, de outros profissionais. Mas ele precisa ter uma postura de escuta… de real escuta terapêutica para entender as demandas trazidas pela família, escola e restante da equipe. E saber argumentar efetivamente porque não mudar em atendimento a algumas delas.


Precisamos fazer um exercício genuíno de frear informações equivocadas.

Carolina Vieira

(Diretora do Grupo ABA fora da mesinha)


28 de fevereiro de 2025
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