Na continuação dessa série tão importante de publicações, é fundamental falar da necessidade de manejo de estímulos antecedentes às respostas da criança com TEA no ambiente escolar. No post anterior, explicitei alguns aspectos relevantes no manejo de consequências para os comportamentos da criança como forma de garantir mais efetivamente o processo de generalização das aprendizagens conquistadas no ambiente individualizado da terapia. O sucesso desse processo de generalização também depende de um ambiente altamente motivador e cabe ao tutor da criança (quando ela o tem) e à equipe da escola garantirem isso.
Uma das principais estratégias utilizadas já foi tratada em uma das primeiras publicações desta página: o quadro de rotina visual. Todas as escolas e todas as turmas dentro do ambiente escolar possuem uma forma bem peculiar de apresentar a organização da rotina para o grupo de crianças. Algumas professoras desenham e escrevem a rotina diária no quadro, outras apresentam em cartazes ou montada em quadros de EVA, etc. Entretanto, para parte significativa das crianças que atendo, esse formato chama pouco ou quase nada sua atenção. Cabe, então, ao tutor ou professor/equipe escolar programar uma condição mais facilitadora para a criança compreender e acompanhar a rotina do grupo com mais sucesso e mais tranquilidade. O quadro de rotina visual e individualizado para a criança é uma ótima alternativa. Ele pode ser confeccionado com a rotina geral e/ou até mesmo com mini rotinas de cada momento das atividades comuns da turma.Também pode ser confeccionado com fotos da criança nas atividades ou com imagens retiradas da internet. O critério de escolha é que o material precisa ser efetivo no ensino, apropriação e execução da rotina pela criança. Uma mãe de uma das crianças que atendo pelo país fez uma versão móvel do quadro de rotina geral. A base móvel pode ser utilizada na escola, com fotos e imagens específicas da criança naquele contexto.
Outro recurso igualmente importante são os combinados visuais e dicas visuais para comportamentos específicos. Tanto os combinados quanto as dicas podem ser organizados em formato de chaveirinho de imagens. O tutor ou professor mostra o combinado PRIMEIRO ________ / DEPOIS ___________, como forma de relembrar a criança que ela precisa cumprir uma determinada demanda para, em seguida, ter acesso a algum item e/ou atividade de interesse (reforçador). As dicas visuais podem ser utilizadas como regras que o tutor ou professor geralmente colocaria de forma verbal. Quando a criança lê ou vê a imagem da dica (palavra ou frase que explicita uma regra de conduta), essa informação pode se tornar um estímulos discriminativo para o comportamento adequado no momento. Por exemplo, em vez do tutor ou professor dizer repetidamente para a criança prestar atenção na atividade, ele pode apresentar a dica visual (imagem ou frase curta e direta). Esse tipo de dica permanece mais tempo no ambiente da criança, facilitando a emissão do comportamento mais adequado.
A utilização de imagens de personagens e temas de interesse nas atividades pedagógicas também é uma estratégia com efeitos para o melhor desempenho da criança nas mesmas. O professor pode incluir como parte da tarefa (e todos os alunos da turma receberem o mesmo material) ou pode utilizar carimbos, adesivos e imagens da internet impressas especialmente para a criança com TEA. O tutor pode complementar a situação, comentando que a criança fará a atividade junto com o personagem de interesse ou que, ao fazer a atividade o personagem ficará feliz, etc.
As dicas visuais são fortes aliadas na garantia de melhor concentração e, consequentemente, melhor aproveitamento da criança nas atividades de rotina da escola.
Nos próximos posts continuarei falando sobre esse tema. Por mais publicações que possam ter sobre ele, é algo que nunca se esgota. Sempre temos algo com que contribuir no ambiente escolar. Até lá.
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